Recentemente, surgiram informações veiculadas nas mídias sociais sobre os potenciais benefícios do uso contínuo do lugol ou outras soluções concentradas de iodo.
O iodo é um micronutriente essencial para o nosso organismo, uma vez que ele participa da produção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4) que são, por sua vez, fundamentais para o nosso metabolismo.
A principal fonte de iodo provém da nossa alimentação. O sal de cozinha é iodatado, de forma a nos proporcionar uma ingestão adequada deste micronutriente. O Ministério da Saúde é o órgão responsável por regular e monitorar as quantidades ideais de iodo no sal de cozinha.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão diária de iodo seja de 100 -150 microgramas por dia, para a população geral. Na gestação e na lactação, por conta das maiores demandas à glândula tireoide e das necessidades fetais, esse aporte deve ser de 250 microgramas por dia.
Por outro lado, o excesso de iodo pode trazer riscos à saúde. A longo prazo, esse consumo excessivo tem sido associado a um maior risco para desenvolvimento de tireoidites autoimunes, como por exemplo a tireoidite de Hashimoto. As tireoidites autoimunes são as causas atuais mais comuns de hipo e hipertireoidismo. Nas últimas décadas o aumento do aporte de iodo à população também tem sido associado à maior incidência mundial de alguns tipos de câncer de tireoide, apesar de não haver comprovação de uma relação “causa-efeito”.
A solução de lugol 5% é uma solução concentrada de iodo. Cada gota contém 2500 microgramas de iodo, ou seja, mais que 10 vezes a recomendação da OMS. Portanto, o Lugol não deve ser prescrito com o objetivo de suplementar iodo em nenhuma situação. As únicas situações clínicas onde seu uso é recomendado refere-se ao preparo pré-operatório de pacientes com hipertireoidismo por doença de Graves e à crise tireotóxica.
Cuidado com as informações equivocadas e as promessas de falsos médicos. Na dúvida, procure sempre seu endocrinologista!
Autoria: Dra Tatiana Berbara